No dia 24 de janeiro, os alunos do 9.º ano assistiram à representação do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, pela companhia AGON e Momento - Artistas Independentes, numa coprodução com a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, sob a encenação de Filipe Gouveia.
O elenco, composto por apenas quatro atores — Bárbara Correia, Francisco Lima, Luísa Alves e Sara Maia —, assumiu o desafio de interpretar todas as personagens da obra, demonstrando uma notável capacidade de adaptação. Entre estas, destacou-se Luísa Alves, no papel de Diabo, pela sua atuação expressiva e presença constante em palco. Os efeitos sonoros associados à sua personagem também contribuíram significativamente para reforçar a sua interpretação e captar a atenção do público.
Por outro lado, a escolha de representar o Anjo através de uma luz branca proveniente do alto e do fundo da sala revelou-se uma decisão eficaz, pois, além de dispensar mais um ator, reforçou a dimensão divina da personagem.
O cenário, ainda que simples, com a barca do Inferno simbolizada por um poço sem fundo, aliado à utilização de fumo vermelho para representar o Inferno, e a do Paraíso, sugerido pelo vazio e pela luz do Anjo, ajudou a criar a ideia de oposição entre os dois destinos após a morte.
A música, interpretada ao vivo pelos músicos em palco, teve um papel fundamental na intensificação das cenas, contribuindo para a criação de diferentes atmosferas nos momentos-chave e conferindo maior dinamismo ao espetáculo.
Entre os momentos mais marcantes, os nossos jovens destacaram a atuação da personagem Parvo, as cenas do Fidalgo, que evidenciou bem a crítica vicentina à soberba e à corrupção, e a cena de Brízida Vaz, pela expressividade da personagem.
Em suma, a encenação de Auto da Barca do Inferno conseguiu equilibrar modernidade e fidelidade ao texto original, preservando a essência crítica e humorística da obra de Gil Vicente e proporcionando uma experiência muito enriquecedora aos nossos alunos.
Discentes e docentes do 9º ano